terça-feira, 15 de abril de 2014

PROFESSORES SEM TÍTULO


O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, ao qual estão integrados 65 países de todos os continentes, apura, a cada três anos, o desempenho dos estudantes na faixa de 15 anos de idade, exatamente quando eles se preparam para a conclusão do ensino médio. O resultado dessa avaliação traz sempre surpresas desagradáveis para o terceiro mundo.


Nesse sistema, o Brasil aparece no final de sua classificação, estando arrolado na 58ª posição no universo dos 65 avaliados. O fato decorre da baixa qualidade da aprendizagem na rede pública, em consequência da preparação inadequada dos professores, do desestímulo pela profissão e da ausência de um programa nacional de revigoramento do ensino de nível médio. 

O Censo Escolar de 2013, organizado pelo Instituto Anísio Teixeira de Estudos e Pesquisas Educacionais, aponta como sendo de 25.123 o contingente de professores do ensino médio no Ceará. Desse total, 13.898 (55,3%) não possuem licenciatura nas disciplinas que ministram. Nessa condição, não haverá nunca rendimento escolar satisfatório. O mestre não é habilitado no seu ofício. 

As maiores carências ocorrem nas disciplinas do universo das Artes(1,5%), Filosofia (15,2%), Física (21,4%) e Química (33,8%). Também a Matemática está incluída entre as carências elevadas. Mas a questão da titulação do magistério é quase a mesma em todos os Estados. No País, 52 % dos docentes do Ensino Médio lecionam matérias para as quais não foram habilitados, apesar da exigência da licenciatura para o preenchimento dos cargos públicos de magistério. A maioria dos professores recrutados tem habilitação específica nas disciplinas que selecionam e aceitam o encargo para atender às situações em que essas matérias fundamentais deixariam de ser ministradas. 

O ensino médio brasileiro compreende as três etapas finais do ensino básico, quando, então, o adolescente, teoricamente, estaria qualificado para o exercício de uma profissão de nível médio dentro de gama variada de atividades. Poderá também habilitar-se aos cursos universitários, sendo a conclusão do 3º ano requisito essencial. 

Na prática, parte expressiva desse grupo de alunos ingressa no curso médio como uma preparação ao curso universitário. Outro segmento nem sempre dispõe de orientação específica para os cursos técnicos, ficando boa parte sem concluí-lo pela falta de objetividade e de correspondência com suas aspirações. Outro terceiro grupo, em menor escala, vem se voltando para os cursos profissionalizantes dos sistemas Senai, Senac e Senar (indústria, comércio e rural). 

No entanto, está havendo modificações sensíveis no ensino médio, com o lançamento do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Quem frequenta, integralmente, qualquer um de seus cursos conclui o 3° ano e candidata-se também a receber certificado de habilitação na profissão escolhida durante o treinamento.  

Esta é uma iniciativa capaz de reduzir a ociosidade dos adolescentes, evitar sua inclusão na lista dos dependentes de drogas e nas fileiras das gangues de bairro disseminadas pelas áreas periféricas das grandes cidades. O Pronatec chega oportunamente quando o ensino médio enfrenta sua maior crise estrutural.



Disponível:


2 comentários:

  1. Os Pequenos salários, as más condições no trabalho, e muitas vezes o desrespeito profissional, isso é que vemos hoje na educação. As péssimas condições já são conhecidas dos docentes, mas têm se transformado em um fenômeno que se torna ainda mais preocupante a grande falta de profissionais na Educação Básica: Os professores têm abandonado a sala de aula para procurar oportunidades em outras áreas, como por exemplo, a iniciativa privada. Tornando cada vez mais preocupante nosso sistema de ensino.

    ResponderExcluir
  2. O que pode ser feito para mudar esse cenário?

    ResponderExcluir